Compartilhando vivências para construir um saber mais amplo. Foto: Rodrigo de Castro/CEDASB |
Compreender as características
peculiares do clima semiárido, pensar o uso da água na agricultura familiar sob
uma perspectiva agroecológica e socializar vivências do campo foram algumas das
questões que pautaram as atividades dos cursos de Gestão de Água Para a
Produção de Alimentos (GAPA), envolvendo agricultores e agricultoras familiares
de Cândido Sales e Encruzilhada durante os dias 15, 16 e 17 de Agosto. Essas
capacitações fazem parte do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que irá
implementar 259 unidades entre as 7 tecnologias previstas no programa, até
meados de Novembro.
No primeiro dia de curso os
monitores abordaram diversos temas, desde a contextualização histórica das
medidas de convivência com o semiárido até a explicação mais detalhada acerca
do funcionamento das tecnologias sociais que são utilizadas no P1+2, buscando
sempre a troca de experiências entre os próprios agricultores e agricultoras e
também com os instrutores. Um bom exemplo de como essa interação é importante
foi mostrada por Seu Aurenito, que deu uma excelente dica para quem vai pintar
sua cisterna com cal: “em vez de usar só cal pra pintar, é melhor misturar água
da palma junto com a cal, pois assim dá mais liga. Você vai ver que a pintura
vai durar mais, vai proteger melhor”.
Nos dias seguintes, as atividades
se concentraram mais na temática de produção de alimentos, abordando a
agroecologia como um caminho sustentável para as famílias trabalharem em suas
propriedades. Quintais produtivos, técnicas de plantio não agressivas ao meio
ambiente, criação de animais entre outros temas foram amplamente discutidos de
uma forma lúdica, através de dinâmicas de grupo, visitas a hortas existentes
dentro da comunidade, ressaltando-se o destaque dado ao reaproveitamento de
materiais, por meio de uma demonstração prática da técnica de compostagem com
os restos de alimentos utilizado nas refeições durante os três dias de curso.
Para Dona Clemência, da
comunidade de Sobrado, “esse curso vem contribuindo muito com o desenvolvimento
da comunidade, a gente aprende a conviver melhor com os produtos que nós
produzimos com a água da cisterna, alimentos, hortaliças”. Ela observa ainda o
papel do GAPA na construção do saber dos agricultores e agricultoras: “a gente
está tendo mais conhecimento dos nossos direitos, das novas tecnologias
empregadas pela ASA, e também aprendendo a conviver melhor com a seca na nossa
própria comunidade”.
Até o final de Agosto a
expectativa é que mais cursos de Gestão de Água Para a Produção de Alimentos
sejam realizados pelo Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do
Sudoeste da Bahia (CEDASB), a Unidade Gestora Microrregional responsável pela
execução do programa na microrregião de Vitória da Conquista. O P1+2 é uma
idealização da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), financiada pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e executada por
diversas entidades parceiras.
Rodrigo de Castro Dias, Comunicador Popular P1+2 ASA/CEDASB
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