sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O fim da dúvida


Pela primeira vez na história foi realizado um estudo completo e de longo prazo para avaliar o efeito que um transgênico e um agrotóxico podem provocar sobre a saúde pública. Os resultados são alarmantes.
O transgênico testado foi o milho NK603, tolerante à aplicação do herbicida Roundup (característica presente em mais de 80% dos transgênicos alimentícios plantados no mundo), e o agrotóxico avaliado foi o próprio Roundup, o herbicida mais utilizado no planeta – ambos de propriedade da Monsanto. O milho em questão foi autorizado no Brasil em 2008 e está amplamente disseminado nas lavouras e alimentos industrializados, e o Roundup é também largamente utilizado em lavouras brasileiras, sobretudo as transgênicas.
O estudo foi realizado ao longo de 2 anos com 200 ratos de laboratório, nos quais foram avaliados mais de 100 parâmetros. Eles foram alimentados de três maneiras distintas: apenas com milho NK603, com milho NK603 tratado com Roundup e com milho não modificado geneticamente tratado com Roundup. As doses de milho transgênico (a partir de 11%) e de glifosato (0,1 ppb na água) utilizadas na dieta dos animais foram equivalentes àquelas a que está exposta a população norte-americana em sua alimentação cotidiana.
Os resultados revelam uma mortalidade mais alta e frequente quando se consome esses dois produtos, com efeitos hormonais não lineares e relacionados ao sexo. As fêmeas desenvolveram numerosos e significantes tumores mamários, além de problemas hipofisários e renais. Os machos morreram, em sua maioria, de graves deficiências crônicas hepato-renais.
O estudo, realizado pela equipe do professor Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, na França, foi publicado ontem (19/09) em uma das mais importantes revistas científicas internacionais de toxicologia alimentar, a Food and Chemical Toxicology.
Segundo reportagem da AFP, Séralini afirmou que “O primeiro rato macho alimentado com OGM morreu um ano antes do rato indicador (que não se alimentou com OGM), enquanto a primeira fêmea, oito meses antes. No 17º mês foram observados cinco vezes mais machos mortos alimentados com 11% de milho (OGM)”, explica o cientista. Os tumores aparecem nos machos até 600 dias antes de surgirem nos ratos indicadores (na pele e nos rins). No caso das fêmeas (tumores nas glândulas mamárias), aparecem, em média, 94 dias antes naquelas alimentadas com transgênicos.
O artigo da Food and Chemical Toxicology mostra imagens de ratos com tumores maiores do que bolas de pingue-pongue. As fotos também podem ser vistas em algumas das reportagens citadas ao final deste texto.
Séralini também explicou à AFP que “Com uma pequena dose de Roundup, que corresponde à quantidade que se pode encontrar na Bretanha (norte da França) durante a época em que se espalha este produto, são observados 2,5 vezes mais tumores mamários do que é normal”.
De acordo com Séralini, os efeitos do milho NK603 só haviam sido analisados até agora em períodos de até três meses. No Brasil, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) autoriza o plantio, a comercialização e o consumo de produtos transgênicos com base em estudos de curto prazo, apresentados pelas próprias empresas demandantes do registro.
O pesquisador informou ainda que esta é a primeira vez que o herbicida Roundup foi analisado em longo prazo. Até agora, somente seu princípio ativo (sem seus coadjuvantes) havia sido analisado durante mais de seis meses.
Um dado importante sobre esse estudo é que os pesquisadores trabalharam quase que na clandestinidade. Temendo a reação das empresas multinacionais sementeiras, suas mensagens eram criptografadas e não se falava ao telefone sobre o assunto. As sementes de milho, que são patenteadas, foram adquiridas através de uma escola agrícola canadense, plantadas, e o milho colhido foi então “importado” pelo porto francês de Le Havre para a fabricação dos croquetes que seriam servidos aos ratos.
A história e os resultados desse experimento foram descritos em um livro, de autoria do próprio Séralini, que será publicado na França em 26 de setembro sob o título “Tous Cobayes !” (Todos Cobaias!). Simultaneamente, será lançado um documentário, adaptado a partir do livro e dirigido por Jean-Paul Jaud.
Esse estudo coloca um fim à dúvida sobre os riscos que os alimentos transgênicos representam para a saúde da população e revela, de forma chocante, a frouxidão das agências sanitárias e de biossegurança em várias partes do mundo responsáveis pela avaliação e autorização desses produtos.
Com informações de:
EXCLUSIF. Oui, les OGM sont des poisons ! – Le Novel Observateur, 19/09/2012.
AFP, 19/09/2012.
Referência do artigo:
“Long term toxicity of a Roundup herbicide and a Roundup-tolerant genetically modified maize”. Food and Chemical Toxicology, Séralini G.E. et al. 2012.
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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS & AGROTÓXICOS
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Número 601 – 20 de setembro de 20121


*Reproduzido do site da AS-PTA

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Moção de apoio à criação das resex nos cerrados de Minas Gerais


MOÇÃO DE APOIO À CRIAÇÃO DAS RESEX NOS CERRADOS DE MINAS GERAIS


Os agroextrativistas de Minas Gerais estão pagando muito caro pelos desmandos ambientais provocados pelo avanço das grandes fazendas e corporações sobre os cerrados, a mata seca e caatinga de Minas Gerais. Sob a conveniência dos governos de Minas Gerais e União, projetos, programas e empreendimentos financiados com recursos públicos nacionais e internacionais, pelo BNDS, vem provocando enormes impactos ambientais e sociais sobre as populações que, historicamente, aprenderam a conviver com estes ecossistemas de forma muito mais sábia.


Os participantes do Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas reunidos nos dias 16 e 17 de agosto na cidade de Montes Claros relataram os enormes dramas que vem as comunidades rurais, povos e comunidades tradicionais vem enfrentando em função dos grandes empreendimentos associados à mineração de ouro e ferro, do avanço das monoculturas de eucalipto, dos grandes projetos de pecuária, irrigação e barragens que encontram guarida no licenciamento ambiental da destruição dos ecossistemas. A repercursão é visível pois muitas nascentes, córregos e rios estão se acabando. A contaminação por agrotóxicos pulverizados com aviões, agora também pelas empresas de eucalipto, estão contaminando águas e comunidades com suas nuvens de veneno.


Em Minas Gerais há mais de 10 anos comunidades agroextrativistas entraram com solicitação para criação de 5 Reservas Extrativistas nos municípios de Rio Pardo de Minas, entre estas as do Areião Vale do Guará nos municípios de Montezuma, Rio Pardo de Minas e Vargem Grande do Rio Pardo e a Resex Tamanduá no município de Riacho dos Machados. No entanto, a morosidade das ações do ICMBio na criação destas RESEX estimulam a ganância dos que promovem a destruição no estado de Minas Gerais. Desmatamentos clandestinos são realizados, lideranças locais são ameaçadas, licenciamentos são aprovados sem considerarem a enorme necessidade das comunidades que vivem no entorno destas áreas.


Neste sentido viemos cobrar do Governo Federal a imediata criação das Resex de Minas Gerais que encontram-se tramitando no ICMBio e na Casa Civil (Resex Areião Vale do Guará cujo processo já encontra-se finalizado);

Que sejam suspensos de imediato pela SEMAD todos os licenciamentos nas áreas de abrangência das RESEX Tamanduá e Areião Vale do Guará;

Que sejam contratados imediatamente os estudos fundiários da RESEX Tamanduá seguido da realização de consulta pública.


Montes Claros, agosto de 2012


Fórum do Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas

Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas

Cáritas Regional Minas Gerais

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Pardo de Minas

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Riacho dos Machados

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Varzelandia

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Capitão Enéas

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha

Comissão Pastoral da Terra

Cáritas Arquidiocesana Diocesana de Montes Claros

Cooperativa Agro-extrativista Grande Sertão

Cáritas Diocesana de Januária

Esquel

Prosama

Rede de Comunicadores Populares do Semiárido Mineiro

Associação Sub-bacia Rio dos Cochos - ASSUSBAC

Associação Casa de Ervas Barranco de Esperança e Vida - ACEBEV

Comissão da Agrobiodiversidade do Norte de Minas

Comissão Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais

Pólo Regional Montes Claros - FETAEMG

Associação Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas

Associação dos Agricultores Familiares do Município de Riacho dos Machados

Grupo Agroextrativista do Cerrado

Associação de Proteção e Apoio as Crianças – APAC

Associação Unidos pela Vida Vencendo Juntos Norte de Minas- AUVENOR
Articulação no Semiárido Mineiro - ASA Minas

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida




Esta campanha, que se iniciou em abril de 2011 através da luta de muitos representantes de movimentos sociais, ambientais, estudantis e pesquisadores na área da nutrição e saúde, continua firme para combater estatísticas lamentáveis, como por exemplo o fato de o Brasil atualmente consumir cerca de 20% da produção mundial de agrotóxicos, o que equivale a pouco mais de 1 BILHÃO de litros, 5 LITROS por habitante. Um novo vídeo, produzido pelo comitê paulista da campanha, pelo Cineclube Sócioambiental Crisanteno e pelo Cinedelia pode ser visto aqui e aqui.