quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Feira do Semiárido cresce em importância e reúne novos parceiros

Dona Miralva, Poço Comprido, Vitória da Conquista.Beneficiária dos Projetos da ASA
Foto do Arquivo do CEDASB.
A relevância das discussões acerca de desafios e sustentabilidade da região fez com que a 7ª Feira do Semi-Árido ganhasse novos parceiros e que fosse organizado evento paralelo de importância para as diversas comunidades baianas envolvidas. Neste sentido, Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, a Secretaria de Planejamento da Bahia (Seplan), Governo do Estado e Petrobrás convidam a comunidade para a realização da Feira e do Fórum Baiano de Desenvolvimento no Semi-Árido, no período de 15 a 17 de dezembro no campus.
   Este ano a Feira vai abordar o tema Saberes e Fazeres do Semi-Árido Contemporâneo.   Como nas edições anteriores, é esperada a participação de centenas de pessoas de diversos municípios baianos. O objetivo é discutir os problemas dessa sub-região do Nordeste, com a identificação de desafios e as potencialidades regionais, observando a capacidade do povo para oferecer produtos e idéias que refletem tanto a convivência quanto os caminhos do desenvolvimento regional.
   Estão previstos minicursos, palestras, oficinas, roda de prosa, relatos de experiências, exposições, estandes, lançamentos de livros e atividades culturais.
   O evento pretende aprofundar a discussão na tentativa de compreender as diferentes “maneiras de fazer”, desenvolvidas pelas pessoas que convivem no semi-árido para superar os problemas impostos pelas questões socioambientais e socioculturais.
   Este ano será realizado em paralelo mais dois eventos, o Fórum Baiano de Desenvolvimento e Territorialidade no Semi-árido e o 3º Seminário de Mulheres Rurais.
   Participam do evento representantes de municípios do semi-árido e entidades parceiras, como IMA, EBDA, Acup, Associação Mariense de Apicultores (Amapi), Associação de Artesãs do Papagaio, Associação de Produtores Orgânicos, Cesol Portal do Sertão, Catrufs, Grupo Tecer Arte, Umbigo – Grupo de Mulheres Permacultoras.
   O Fórum de Desenvolvimento é organizado através das articulações da Sedir, Seplan, Seagri, Sect e Serin com a Uefs, UFRB, BNB, Petrobrás, Desenbahia, CET, Fórum Baiano de Agricultura Familiar, ASA e Fetraf-BA. O Fórum será desenvolvido nos dias 15 e 16 de dezembro.

Informações podem ser obtidas através do telefone da Pró-reitoria de Extensão – 3224-8026/ 3224-8154 ou acessando o site do evento  http://www.uefs.br/feiradosemiarido

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Carta de Dilma às Organizações da Sociedade Civil

Carta às Organizações da Sociedade Civil

Minhas amigas e meus amigos,
Recebi o documento “Plataforma por um novo marco regulatório para as Organizações da Sociedade Civil”, assinado por um grande número de instituições, fóruns, redes e grupos organizados da Sociedade Civil.
Manifesto minha satisfação diante da oportunidade de tratarmos de questão tão importante para a sociedade brasileira, numa perspectiva de aprofundamento das relações e da criação de condições mais adequadas para as parcerias imprescindíveis junto às três esferas de governo, o que requer o correspondente fortalecimento institucional e político das organizações da sociedade civil.
O compromisso com a democracia implica no estabelecimento de relações entre o Estado brasileiro e a sociedade civil organizada pautadas no respeito à autonomia, na liberdade de expressão e organização da sociedade, na transparência, na probidade e integridade no tratamento do interesse público.
Também há que se reconhecer como este governo fez diferente no sentido da superação da cultura e da convivência clientelista, pautando-se por uma relação democrática, respeitosa e transparente com as organizações da sociedade civil, compreendendo seu papel fundamental na construção, gestão, execução e controle social das políticas públicas.
Tivemos a oportunidade de encontrar, no nosso governo, muitos parceiros em cada canto do Brasil, que se dispuseram a realizar, conjuntamente, ações e objetivos assegurando dignidade, acesso aos direitos e necessidades fundamentais da população em áreas como segurança alimentar e nutricional, geração de renda e inclusão produtiva, entre outras.
Alcançamos um lugar qualificado, compreendendo o papel do Estado como garantidor e afiançador dos direitos de cidadania, nos termos da nossa Constituição, acolhendo as iniciativas da sociedade e seu papel, sobretudo, no fortalecimento da democracia, na defesa de direitos e do controle social.
A “Plataforma por um novo marco regulatório para as Organizações da Sociedade Civil”, que li atentamente, nos propõe uma relação jurídica mais adequada entre o Estado e as OSCs, reconhecendo que, para cumprirem suas funções, as entidades devem ser fortalecidas sem que isso signifique reduzir a responsabilidade governamental, em um ambiente regulatório estável e sadio.
Compartilho com vocês este mesmo entendimento e afirmo a disposição de, no nosso governo, aprofundar e estreitar as relações em torno de compromissos e projetos, balizados em políticas públicas que considerem as experiências e as realidades regionais.
Nesse sentido, assumo o compromisso, se tiver a honra de ser eleita Presidente, de constituir um Grupo de Trabalho, composto por representações das OSCs e do governo, que possam expressar a diversidade de temas e interesses na esfera pública, sob liderança da Secretaria Geral da Presidência da República, com o objetivo de elaborar, com a maior brevidade possível,no prazo máximo de um ano, uma proposta de legislação que atenda de forma ampla e responsável, as necessidades de aperfeiçoamento que se impõem, para seguirmos avançando em consonância com o projeto de desenvolvimento para o Brasil, o combate à desigualdade social e o interesse público. 
Um grande abraço, da amiga e companheira,

Dilma Rousseff
Para mais informações sobre o programa de governo entre em contato, programagoverno@dilma13.com.br


Fonte: ASAcom e CAA 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

"A ASA torna as pessoas que são geralmente ouvintes em sujeitos do processo de comunicação"

Naidison Baptista- Coordenador Executivo da ASA
Foto de André Teles

Na semana do Encontro Nacional de Comunicação da ASA, o boletim informativo da Rede, o Compartilhando Ideias, chega a sua 100ª edição. Para celebrar a marca, entrevistamos o coordenador executivo da ASA pelo estado da Bahia, Naidison Quintella. Na conversa por telefone, Naidison falou dos aprendizados da rede na construção de seu processo de comunicação, avaliou os impactos das ações de comunicação da ASA na garantia do direito à comunicação e deixou suas expectativas do Encontro Nacional, que começa nesta quarta e se estende até sexta-feira. Confiram!
ASACom - Qual a importância da comunicação na rede ASA?


Naidison – A ASA está sendo capaz de trabalhar um aspecto multifacetado da comunicação. Não trabalhamos apenas uma linha e sim linhas diferenciadas, múltiplas, com muitos aspectos que se complementam e se enriquecem. Esta é a característica específica e inovadora da comunicação na ASA. O processo de comunicação para a rede tem sido muito importante e significativo no sentido de dinamizar internamente as relações entre as organizações e pautar os meios de comunicação social e outros espaços sobre a convivência com o Semiárido.
ASACom – A ASA também tem lançado mão da comunicação como uma estratégia educativa. Gostaria que o senhor falasse um pouco desta dimensão da comunicação na Rede.


Naidison – Neste sentido, comunicação é efetivamente um processo pedagógico-político dentro da ASA. Queremos despertar os agricultores e agricultoras para a dimensão de que podem, sabem e têm condições de produzir conhecimento. A ASA tem essa marca. A ASA não é uma rede que repassa tecnologia para pessoas que não têm conhecimento, não produzem conhecimento. A nossa concepção é o contrário. Os agricultores e agricultoras produzem conhecimento, têm conhecimento e tanto fazem isso que, apesar de todos os massacres, estão vivos e vivas. 

Os boletins [das experiências dos agricultores] partem desta concepção e estimulam a comunicação, fazendo com que o comunicador seja capaz de assessorar o agricultor, a agricultora, na sistematização de sua experiência.
Uma vez sistematizada, a experiência se torna objeto de debate, conversa, intercâmbios com outros agricultores e outras agricultoras na perspectiva de ampliar a linha das ações e das experiências.
A experiência sistematizada também abre a perspectiva de se transformar em política [pública]. O P1MC e o P1+2 estão se transformando em política porque foram muito bem sistematizados e se pode debater com o poder público para dizer que queremos isto, com esta metodologia, com este custo e este resultado. Com isto, a ASA se torna capaz de interferir em políticas públicas.

ASACom – Olhando para a trajetória da comunicação da ASA, qual o maior aprendizado que a rede acumulou?


Naidison – Acompanhei a comunicação desde o início, quando a gente tinha dificuldade de identificar qual era a estrada do processo. Houve tentativas de se ter um processo nacionalmente e regionalmente construído dentro de determinadas normas. Só quando a gente se libertou desta dimensão é que fomos capazes de caminhar com mais liberdade. Eu acho que o que nós temos que celebrar agora são as várias dimensões.

Primeiro a dimensão das organizações que já incorporavam [a comunicação] e melhoraram e se qualificaram mais os processos de comunicação a partir de sua presença na ASA. Temos na Bahia o MOC, organizações em Juazeiro, o SASOP, o Sabiá, o CAA que tinham dimensões de comunicação e incorporaram novas perspectivas.
O que temos que celebrar é que, em respeito à autonomia destas organizações, a ASA soube inserir novos elementos, beber destas organizações novas experiências e a partir daí que o processo cresceu. Num cresceu como um processo controlado a partir do Recife. Essa não é a nossa função. Mas a partir de um processo onde a perspectiva de comunicação da ASA oferece elementos às organizações que pertencem à ASA.
A outra dimensão foi o crescendo gradativo na produção dos nossos materiais. A ASA é conhecida pela qualidade técnica e de conteúdo político-pedagógico dos nossos materiais que são solicitados por outras organizações para que possam utilizar em capacitações, eventos, encontros. E nós temos, deixando marcada a nossa autoria, cedido para grupos e mais grupos.
Tem sido um material rico nas mais variadas temáticas: de como tratar a cisterna, convivência ampla com o Semiárido, textos mais aprofundados, materiais de qualidade de como trabalhar a cisterna nas escolas. É uma gama variada de materiais, a maioria deles dirigidos aos agricultores e agricultoras ou aos próprios animadores. Neste sentido, nós trabalhamos muito e crescemos em oferecer subsídios para as pessoas que trabalham conosco.
Uma terceira coisa que fomos descobrindo gradativamente é o espaço de falar pra fora. A ASACom desempenha um papel importante porque ela mapeia os espaços, mapeia os problemas que estão por emergir para que a gente possa tomar posição com relação a isso.

ASACom - Começa nesta quarta-feira o Encontro Nacional de Comunicação. Quais são as suas expectativas para este encontro de comunicadores e comunicadoras da Rede?


Naidison - O Encontro de Comunicação é basicamente um momento para curtir o que está aparecendo nos vários espaços e com isso melhorar e qualificar a nossa atuação. Não é um encontro onde os consultores vão dizer o que é comunicação, como se faz. Nós vamos ser capazes de beber das experiências, perceber como isto é feito, como isto se desenvolve. E a partir daí publicizar mais essas experiências e aprender com elas.
ASACom – No Semiárido, os meios de comunicação - TVs, rádios, jornais - assim como a terra e a água, também estão concentrados nas mãos de políticos e empresários da região. Nesse contexto, o senhor acha que o trabalho de comunicação da ASA contribui de alguma forma para romper com essa estrutura?


Naidison – Eu acho que tem contribuído muito na medida em que pautamos com perspectiva diferente o conteúdo destas mesmas redes de comunicação. Quando nós fizemos uma ampla campanha em nível nacional, quando nós pautamos TVs, jornais, revistas, etc e elas começam a colocar o conteúdo da convivência com o Semiárido e não apenas o conteúdo do combate à seca, nós ganhamos um espaço imenso. E esse espaço é o da democratização da comunicação.

Não nos foi dado este espaço. Nós conquistamos pela qualidade de nossa ação e qualidade de nossa interferência em termos de comunicação. 
Eu acho que isso é um ganho imenso, naturalmente com seus limites porque nem sempre conseguimos pautar e colocar aquelas coisas que gostaríamos. Mas se olharmos há 10 anos e hoje, o significado disso é muito grande. Se olharmos a imagem do P1MC e da ASA, veremos que é respeitada nos vários níveis de comunicação. Isso é uma conquista forte, significativa.
Há um outro nível, onde a gente vai roendo a corda em pedacinhos menores, que são os processos que a gente cria internamente e estão espalhados em todo o Semiárido. Vamos pensar no que significa os programas de rádio que tematizam o Semiárido e as perspectivas de convivência com a região de modo bom e bonito. Estes programas vão para todas as organizações e elas utilizam ou em rádios comunitárias – que são experiências de reagir aos monopólios da comunicação – ou nos programas das organizações que algumas delas têm em rádios comerciais, ou vão para outras rádios que recebem e reproduzem [os programas]. São espaços que também conquistamos.
Internamente, a multiplicidade de boletins, de conteúdos sobre a convivência no Semiárido que são veiculados é uma quantidade imensa com a qualidade que nos é peculiar. [Esse material] chega aos agricultores, agricultoras, na ponta, e cria autoestima, entusiasma as pessoas, faz com que se sintam produtoras de conhecimento. Ela inverte a lógica do processo de comunicação. Torna as pessoas que são geralmente ouvintes em sujeitos do processo de comunicação. E essa é uma dimensão impressionante na perspectiva da democratização da comunicação.


Verônica Pragana e Gleiceani Nogueira - ASACom
30/11/2010

Fonte: ASAcom

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ASA está entre os vencedores da 16º edição do Prêmio Direitos Humanos

A Secretaria de Direitos Humanos, da Presidência da República (SDH/PR), divulgou na última sexta-feira (19) a relação dos vencedores do 16º Prêmio Direitos Humanos, evento que é realizado anualmente. Um dos vencedores é a Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), na categoria Enfrentamento à Pobreza. A entrega do prêmio será realizada no dia 13 de dezembro, em Brasília - DF, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Paulo Vannuchi. O prêmio é a mais alta condecoração do Governo Brasileiro a pessoas e entidades que se destacam na defesa e promoção dos direitos humanos, bem como no enfrentamento e combate às violações.

"Para a ASA é uma honra receber tal prêmio. É um reconhecimento público do trabalho que a gente vem fazendo para mostrar que o semiárido brasileiro é viável; que seu povo é capaz, forte, inteligente, inovador; que a sociedade civil é capaz de propor e gerir políticas públicas, a exemplo dos programas Um Milhão de Cisternas e Uma terra e Duas Águas, desenvolvidos pela ASA", comemora Naidison Baptista, coordenador da ASA.

"Hoje, a rede, junto com seus parceiros, especialmente o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e o governo federal, através do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), mostra que com políticas públicas adequadas é possível enfrentar a fome, a miséria e a pobreza", avalia. "Nós ficamos felizes por esse prêmio e mais ainda por ser na categoria Enfrentamento à Pobreza", conclui.
Nos últimos anos, a ASA tem conquistado inúmeros prêmios, entre eles o Prêmio Sementes, da Organização das Nações Unidas (ONU); o Prêmio da Agência Nacional de Águas (ANA); o Prêmio Josué de Castro, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS); o Prêmio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa); e o Prêmio ODM - Objetivos para o Desenvolvimento do Milênio.

Fonte: Com informações da SDH/PR e ASA

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Consea e ActionAid homenageiam o presidente Lula

O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e a organização não-governamental ActionAid entregaram na manhã desta quinta-feira (25) uma placa de agradecimento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A homenagem “é um reconhecimento pelas conquistas e avanços na área de segurança alimentar nos últimos oito anos”.
A placa foi entregue pelo conselheiro Naidison Baptista,  representando os integrantes do Consea e das entidades da sociedade civil, durante as atividades do III Seminário Nacional do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Naidison também é presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional da Bahia e integrante da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA).   
O seminário reúne cerca de 800 pessoas, entre representantes dos diversos segmentos da sociedade civil organizada e de gestores públicos das três esferas de governo.
O PAA foi criado em 2003, a partir de articulação do Consea com o Governo Federal. É uma ação estruturante da estratégia Fome Zero. De um lado, adquire por preço justo alimentos de agricultores familiares; de outro, distribui os produtos aos brasileiros em situação de vulnerabilidade social e alimentar. O objetivo é promover o direito humano à alimentação adequada e assegurar o princípio da soberania alimentar do País.
Por meio de convênios firmados via editais públicos e termos de cooperação, o programa pode comprar de cada produtor até R$ 8 mil por ano. Esses alimentos são distribuídos para a rede de equipamentos públicos de alimentação e nutrição do MDS, como Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias e Bancos de Alimentos; para a rede socioassistencial - creches, asilos, instituições filantrópicas - e para escolas públicas.
Presente em 2,3 mil municípios brasileiros de todas as regiões, o PAA atende a cerca de 160 mil agricultores familiares por ano. A produção comprada desses agricultores abastece em média 25 mil entidades, cerca de 15 milhões de pessoas. Desde o início do programa, já foram investidos R$ 3,5 bilhões para a compra de 3,1 milhões de toneladas de alimentos. Os recursos são provenientes do MDS e do MDA.

O Seminário é promovido pelo MDS, MDA, Consea e Conab.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Encontro Microrregional do CEDASB


O Centro de Convivência e Desenvolvimanto Agroecológico do Sudoeste da Bahia - CEDASB, através do Programa de Formação e Mobilização Social Para Convivência com o Semiárido: Um Milhão de Cistenas Rurais - P1MC, realiza nos dias 25 e 26 de  novembro de 2010 o Encontro Micorregional. Tal encontro é uma atividade que  faz parte do controle social dos projetos desenvolvidos pelo CEDASB e contará com a participação dos atores sociais envolvidos em todos os processos realizados ao longo da execução dos projetos. O tema do Encontro Microrregional será: ASA e Políticas Públicas para o Semiárido.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Consea faz diagnóstico sobre direito à alimentação no Brasil nos últimos 20 anos

Como estão os indicadores da segurança alimentar e nutricional dos brasileiros? Qual é a situação do direito humano à alimentação no país hoje? O que ocorreu no Brasil da Constituição de 1988 até os dias de hoje neste campo? Quais foram os avanços? O brasileiro mudou seus hábitos alimentares?
Para responder a estas e outras perguntas, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) apresenta na próxima terça-feira, em Brasília, os principais resultados do Relatório intitulado "A Segurança Alimentar e Nutricional e o Direito Humano à Alimentação Adequada no Brasil - Indicadores e Monitoramento: da Constituição aos dias atuais".
Os destaques do estudo serão apresentados na terça-feira, a partir das 14h45, no Auditório do Anexo I do Palácio do Planalto, em Brasília, como uma das atividades da XX Reunião Plenária do Consea. "O relatório apresenta os importantes avanços que ocorreram no país desde a promulgação da Constituição de 1988 até os dias atuais, ao tempo que aponta as lacunas que persistiram", diz o documento.
Segundo o grupo de trabalho responsável pelas análises, "o documento oferece ao conselho, aos governantes e demais atores sociais envolvidos com esse tema, um diagnóstico abrangente sobre a realização do direito humano à alimentação adequada no país, além de oferecer subsídios para a construção de uma agenda propositiva para os próximos anos no campo da segurança alimentar e nutricional".
De acordo com a pesquisa, "a maioria dos indicadores analisados descreve avanços importantes na realização do direito humano à alimentação no país entre a promulgação da Constituição Federal de 1988 e os dias atuais". O documento destaca o período de 2003 a 2010, com a inserção do combate à fome e a da promoção da segurança alimentar e nutricional como prioridades do governo.
O relatório também aponta os problemas que o Brasil precisa enfrentar, como o fato de o país ser o maior comprador de agrotóxicos do mundo, o risco da liberação de sementes transgênicas, a epidemia da obesidade e o aumento do consumo de refeições prontas e de alimentos com alto teor de gorduras, açúcar e sal.
Outros entraves à realização do direito humano à alimentação, segundo o relatório, são a concentração de terras, as desigualdades (de renda, de étnias, raças e gênero) e a insegurança alimentar e nutricional dos povos indígenas e comunidades tradicionais, entre outros.
A comissão que preparou o relatório é composta por conselheiros representantes de comissões permanentes, Secretaria Executiva do órgão e representantes de diversas instituições públicas e não governamentais que participam do grupo de trabalho. 

Eleita nova diretoria da AP1MC


Coordenação Executiva Ampliada

Foi eleita hoje (18), a nova diretoria da Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC) para o período 2011/2012. A eleição ocorreu durante a Assembléia Geral Ordinária da Associação, que começou ontem (17), no Hotel Campestre, em Camaragibe (PE). A diretoria da AP1MC é formada por coordenadoras e coordenadores executivos da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), escolhidos nos respectivos estados.
Formada por 20 integrantes, sendo 10 titulares e 10 suplentes, a nova diretoria toma posse a partir de 1º de janeiro. Entre os titulares foram escolhidos os que comporão a diretoria-executiva: Francisca Cristina do Nascimento, da ASA Ceará; José Aldo dos Santos, da ASA Pernambuco; Valquíria Alves Smith Lima, da ASA Minas Gerais; Naidison de Quintella Baptista, da ASA Bahia; e Carlos Humberto Campos, da ASA Piauí.
Nova diretoria executiva da AP1MC
Essa diretoria-executiva era composta por três diretores. A partir de 2011 será ampliada, passando a contar com cinco integrantes. O objetivo dessa ampliação é tornar mais democráticas as decisões administrativas, uma vez que as decisões políticas são de responsabilidade do conjunto da coordenação executiva da ASA. Por fim, entre os cinco diretores-executivos foram eleitos os presidente e vice-presidente da AP1MC: Naidison Baptista e Carlos Humberto Campos, respectivamente. 

Texto publicado originalmente no site da ASA BRASIL

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Relatos Que Emocionam E Fortalecem Nossa Luta!!!

Dona Iraci, comunidade Lagoa do João
“CHEGOU O POVO DA ASA!!! VEM JOÃO...”, diz Dona Iraci chamando seu vizinho para nos receber.

Em visita ao município de Poções/BA, especificamente nas comunidades de Lagoa do João e Mulungu II, pudemos ver e sentir a emoção dos beneficiários das cisternas de consumo e de produção. A relação das famílias com toda a equipe do CEDASB/ASA, e principalmente com os projetos desenvolvidos nas comunidades, nos dá um orgulho imenso.

“A grandona quando Deus mandá as água é pra plantação e pros bichinhos, e essa pequena aí minha fia é beber, cozinhar e labutá em casa, êh maravilha!”
Dona Ana, Mulungu II, Poções.

Maravilha, também, é ver que as famílias conseguem pôr em prática os conhecimentos adquiridos e partilhados nos GRH’s[1] e GAP’S[2]. A prova é notória... estão nas paredes de suas casas, onde se visualiza os cartazes dos 10   mandamentos de cuidados com a cisterna, postos com o mesmo zelo que tratam a foto de um filho.
A visita de campo que fazemos, completa a satisfação e o imenso orgulho de todos que participam desse processo de transformação social do povo sertanejo. Receber das famílias o carinho, o respeito, e por que não dizer, a admiração, nos torna cada dia mais íntimos de suas vidas.

“É divera que da uma falta dentro de casa, aí nois pergunta: quando é que Zeca (Fabrício - animador) vem cumer o pirão mais nois, não é Lôra?”
Dona Ana, comunidade de Mulungu II.

Dona Ana ainda relata, no decorrer da conversa, as dificuldades que tinha antes por conta da falta d’água. Conta que seus filhos foram para São Paulo em busca de uma vida melhor, mas, afirma que se fosse nos tempos de hoje, com cisterna no pé da casa, com certeza seus filhos estariam todos perto dela.
Eis, portanto, os motivos que nos impulsionam a seguirmos com o nosso trabalho, transformando, o quanto for possível, a vida desses sertanejos, e promovendo a conscientização sobre as possibilidades de se viver no semiárido com dignidade.

Eduarda Tamires.
Colaboração: Eliane Almeida.
16 de outubro de 2010.



[1] Curso de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
[2] Curso de Gerenciamento de água para a produção.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Cedasb realiza capacitação de agentes comunitários de sáude em Anagé

Cerca de 50 agentes comunitários de saúde que trabalham na zona rural do município de Anagé participaram de uma capacitação sobre os cuidados com a água acumulada nas cisternas. O curso, que foi realizado nos dia 14 e 15 de outubro, no salão paroquial em Anagé, teve carga horária de 16 horas e foi promovido pelo Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia – Unidade Gestora Municipal / CEDASB UGM, por meio da Articulação no Semi-árido Brasileiro/ASA em parceria com a  secretaria de Saúde do município de Anagé.

Os agentes rurais aprenderam noções básicas sobre captação de água, limpeza, tratamento e doenças que são causadas pela água contaminada. E também entenderam um pouco mais sobre a ASA/CEDASB, sua política de atuação e como eles vão poder auxiliar as famílias beneficiadas a conviver melhor com o Semiárido.




Rosangela Santos, que é agente comunitária há 12 anos no município de Anagé e atende a comunidade dos Pombos, disse que gostou bastante, ficou conhecendo mais um pouco sobre este projeto e que depois desta capacitação ela vai poder orientar melhor as famílias sobre o uso correto da água. “Foi depois do projeto das cisternas que muita gente melhorou a qualidade de vida nas comunidades e eu acredito que nós, agentes de saúde, quando saímos daqui vamos ajudar eles a conservar melhor as cisternas e orientá-los sobre a manutenção que tem que ser feita e como vai ser a higienização para que diminua as doenças”.

Os Dez Mandamentos da cisterna


1º – A água é presente de Deus e como tal não pode ser vendida, nem negada.
2º – Todas as pessoas, animais e plantas têm direito a água.
3º – Toda casa da zona rural deve ter a sua cisterna.
4º – A cisterna deve ser construída ao lado da casa, longe das plantas com raízes esparramadas e longe de fossas e currais.
5º – A cisterna deve ser cuidada:
* Lavar todos os anos antes da chuva;
* Pintar a parte externa com cal branco;
* Manter a cisterna sempre bem tampada;
* Proteger os suspiros e entradas de água com tela e pano fino;
* Guardar os canos depois das chuvas para evitar que rachem;
6º – A água da primeira chuva é para lavar o telhado da casa. Não pode ir para a cisterna.
7º – A água da primeira chuva juntada na cisterna, não pode ser misturada com outra água.
8º – A vasilha para tirar água da cisterna deve ser muito limpa e usada só para isso. Não deixar a vasilha encostar no chão, na terra ou em lugares sujos.
9º – A água da cisterna é para o consumo humano: beber e cozinhar. Assim vaidurar todo o período da seca.
10º – Toda água para consumo humano deve ser tratada.


Matéria publicada originalmemte em: CEDASB
Texto de Itana Fagundes Cruz, Comunicadora Popular do CEDASB.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Resultado do Plebiscito pelo Limite da Terra

Por Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil

Mais de 500 mil pessoas ouvidas em 23 estados e no Distrito Federal se disseram favoráveis à ideia de fixar um limite máximo para o tamanho das propriedades rurais. Elas foram consultadas entre os dias 1° e 12 de setembro, em plebiscito promovido pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, entre outras entidades.

Entre os 519.623 cidadãos consultados, apenas 3,52% se posicionaram contrários ao estabelecimento de limite para a terra rural. O percentual de votos em branco foi de 0,63% e o de nulos, de 0,34%. Quanto à pergunta que vinculou o tamanho da propriedade à produção, apenas 4,27% apenas julgaram irrelevante o limite, 0,89% votou em branco e 0,45%, nulo. A maioria concordou também que o limite da propriedade possibilita aumentar a produção de alimentos saudáveis e melhorar as condições de vida no campo e na cidade.

A pesquisa foi divulgada hoje (19) por representantes do fórum, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), durante entrevista coletiva. A consulta integra a primeira etapa de um movimento que pretende colher até o final do ano 1,2 milhão de assinaturas em todo o país para apresentar ao Congresso Nacional em 2011 um projeto visando a estabelecer o limite de 35 módulos fiscais para as terras devolutas e improdutivas.

Se aprovada, a medida vai atingir entre 42 mil e 50 mil propriedades rurais, numa área total equivalente a 100 milhões de hectares. Se for fixado o limite da propriedade em mil hectares, ele atingiria 68 mil propriedades rurais no país. O conceito de módulo fiscal varia nos estados, de acordo com as condições locais, entre 7 hectares a 100 hectares.

A pesquisa sobre o tamanho das propriedades foi antecedida por debates, pela organização de comitês e divulgação de interesses da propriedade privada. O professor Ariovaldo Umbelino, da Universidade de São Paulo (USP), afirmou que existem no Brasil 200 milhões de hectares de terras improdutivas e 500 milhões de hectares de terras devolutas (terras públicas sem uso específico). Nos últimos anos, segundo ele, aumentou a concentração de terras e o governo não tem conhecimento preciso sobre as posses e propriedades.

Para ele, isso é preocupante, já que em todo o país existem 851 milhões de hectares de terras. O professor da USP destacou os prejuízos ao meio ambiente provocados pelas atividades das grandes empresas e disse que limitar o tamanho da propriedade é importante porque, enquanto a empresa do agronegócio emprega 1,4 trabalhador por hectare, na agricultura familiar 17 pessoas produzem no mesmo espaço.

O representante do Fórum Nacional pela Reforma Agrária, Gilberto Portes, destacou o alcance do plebiscito, lembrando que, na consulta, foram ouvidas mais de 500 mil pessoas.
O representante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), padre Gabriele Cipriani, afirmou que a questão da terra deveria ter destaque na agenda dos candidatos à Presidência da República, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), que vão disputar o cargo no dia 31, em segundo turno.

Segundo Cipriani, fazer a reforma agraria "é democratizar o uso da terra como um direito da população para produzir alimentos para o mercado interno e para exportação”

Matéria publicada originalmemte em: Agência Brasil

domingo, 10 de outubro de 2010

Luta pela água na América Latina

Por José Esteban Castro*
As lutas pela água ocorrem com freqüência cada vez maior nas diversas regiões da América Latina. Analiticamente podemos dividir estas lutas em a) eventos ecocêntricos, e b) eventos antropocêntricos, ou seja, entre as lutas sociais ligadas à proteção dos ecossistemas aquáticos e aquelas orientadas para a defesa dos direitos dos seres humanos contemporâneos a quantidades essenciais de água e de serviços relacionados à água. Como tendência, as contradições entre os atores sociais engajados nas lutas pela água tendem a exprimir interesses materiais, crenças, valores, princípios e objetivos distintos e até mesmo antagônicos. Por exemplo, com freqüência os movimentos ecológicos voltados à proteção de ecossistemas aquáticos frágeis pouco se manifestam sobre a rápida expansão das iniciativas de privatização da água, embora essas políticas tenham implicações de longo alcance. O oposto também ocorre, na medida em que os movimentos que se opõem à privatização da água muitas vezes esquecem a dimensão ecológica, além de nem sempre assumirem uma posição crítica em relação às políticas que implicam a construção de infraestruturas de serviços de água de grande  porte,  as  quais,  com  freqüência, têm  impactos  negativos,  tanto  nos  sistemas aquáticos quanto na população.
Um dado importante é que muitas dessas lutas se caracterizam pelo confronto entre forças socioeconômicas e políticas que promovem a expansão das relações capitalistas, particularmente a transformação da água em mercadoria e as diferentes formas de resistência a essas forças. Embora no debate atual esse confronto em geral se reduza à tensão entre o “público” e o “privado”, isto obscurece o fato de que, na prática tanto os atores públicos quanto os privados tendem a induzir a subordinação das necessidades sociais ligadas à água às exigências de acúmulo de capital. Por exemplo, exige-se cada vez mais das companhias públicas de saneamento e abastecimento de água, que adotem princípios comerciais para o fornecimento  de  serviços  vitais,  como  água potável  e  esgotamento  sanitário,  abandonando  a  noção  de  que  esses  serviços  são um direito social ou um bem público, sem dizer  que  são um direito humano. A esse respeito, existem lições importantes a serem aprendidas a partir das lutas pela água na América Latina, onde os atores  sociais com freqüência demonstram ter uma compreensão muito  clara  dessas    complexidades: suas  lutas contra a mercantilização da água  são  voltadas  tanto  contra  iniciativas públicas como privadas na  sua oposição à mercantilização  de  serviços  essenciais  de água.  Essas lutas incluem a resistência a formas abertas ou disfarçadas de privatização desses serviços (por exemplo, parcerias público-privadas ou a mercantilização das companhias públicas de saneamento), e tentam revitalizar a noção de que esses serviços são um direito social da cidadania, um bem público, e um direito humano. Ao mesmo tempo, suas estratégias estão crescentemente orientadas para o fortalecimento das autoridades locais, por exemplo, forjando parcerias público-públicas para o gerenciamento eficiente e democrático dos serviços essenciais de água.
Além dessas formas de luta pela água, existem duas outras tendências que merecem destaque. A primeira diz respeito à rápida expansão dos processos agrícolas intensivos em uso de água que ocorrem na região, em particular a produção de agrocombustíveis. À medida que boa parte desse debate gira em torno do impacto desses processos sobre a segurança alimentar, pouca atenção foi dada, até agora, às implicações sobre os ecossistemas aquáticos e os serviços de água essenciais. O segundo aspecto está ligado ao potencial de confronto militar em torno dos recursos hídricos. Embora isto possa parecer uma possibilidade remota, alguns governos latino-americanos estão reformulando suas estratégias militares para reagir a eventuais invasões de  potências  estrangeiras,  que poderão querer ganhar controle sobre a água doce da região.
Essas diferentes formas de lutas pela água estão estreitamente relacionadas com o conflito pela governança democrática da água. Do nosso ponto de vista, a governança é um processo político que envolve o exercício do poder por atores sociais e políticos que buscam definir os meios e os fins a serem perseguidos pela sociedade, nesse caso particular, com relação à posse, gerenciamento e acesso aos benefícios derivados da água (e proteção contra os riscos relacionados com a gestão deste recurso). Observa-se que, como tendência histórica, a governança da água na região não se destacou por seu caráter democrático, especialmente ao rejeitarmos a redução do processo democrático à democracia eleitoral e defendermos o entendimento de que a democracia é o exercício substancial da cidadania. A esse respeito, entendemos que o crescimento das lutas pela água na América Latina constitui a expressão da batalha em curso pela democratização substantiva da sociedade.  

*José Esteban Castro é catedrático de Sociologia da Escola de Geografia, Política e Sociologia da Universidade de Newcastle, Reino Unido.
Traduzido do original em inglês por Emmanuel Cavalcante
 Fonte: Porto da Diretoria de Estudos Regionais e Urbanos do  IPEA

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Novos rumos para o Brasil?


Por Leandra Silva*

Estamos na reta final de mais uma campanha eleitoral. Uma experiência recente para o Brasil que assumiu historicamente grande importância por se tratar de uma expressão baseada nos pressupostos democráticos onde a participação política do povo, que tem no voto sua principal forma de expressão de sua vontade política, se faz importante para determinar os rumos do país.

Mais uma vez somos convidados a utilizar a ferramenta do voto como expressão de cidadania para ajudar a escolher novos governantes para o Brasil. O voto que ora fora instrumento de exclusão assume, nesse processo, um caráter igualitário. Todos são iguais e têm em suas mãos o poder de decidir.

A decisão, portanto, deve passar pela análise criteriosa do programa de governo de cada candidato e candidata. Pois, é pelo programa de governo que cada um vai defender um projeto de política econômica que perpasse todas as áreas de atuação do governo. O plano de governo deve ainda se propor a formular novos campos, mecanismos e instrumentos para a atuação e intervenção do Estado de forma a dinamizar as economias locais e melhorar os setores da vida social.

É preciso escolher governantes que assumam diretrizes gerais e tarefas que serão cumpridas ao longo de todo o mandato. Diretrizes e tarefas essas que façam parte de um plano estratégico de desenvolvimento pautado na inclusão social e no respeito ao meio ambiente.

O desenvolvimento do qual estamos defendendo deve cumprir com a missão histórica de preconizar um tipo de mudança estrutural na sociedade brasileira que tem a ver com os conceitos de igualdade e justiça social. Não queremos, portanto, que o programa de governo navegue pela ilha das utopias. É preciso partir das circunstâncias presentes e das condições concretas para que se possam emplacar reformas que historicamente os governos não conseguiram realizar.

A receita para que o Brasil possa caminhar rumo ao desenvolvimento já foi dada por muitos. Mas gostaria de lembrar aqui dos arcabouços teóricos do ilustre Celso Furtado em sua obra Mito do Desenvolvimento econômico que defende que é preciso romper com a reprodução das formas de consumo de países tidos como cêntricos que atigem apenas uma minoria beneficiária pelo capitalismo periférico que é o principal responsável pela permanente concentração de renda.

No tempo em que o desenvolvimento assume papel de destaque nas propostas dos candidatos, fica implícito o desafio de uma agenda para o próximo governo que adote uma política macroeconômica e uma arquitetura institucional que promova um desenvolvimento com base em uma estrutura produtiva e tecnológica adequada e regionalmente integrada. Que a proteção social, a garantia dos direitos e a geração de oportunidades venham acompanhadas pelo fortalecimento do Estado, das Instituições, da democracia e da participação popular nos espaços de decisão.

O novo rumo que o Brasil vai assumir no próximo governo deve exercer um papel central na ruptura dos elementos que promovem a dependência dos povos, as assimetrias sociais e as disparidades educacionais e tecnológicas.

*Cursando III Semestre de Ciências Econômicas na Universidade Estadutal do Sudoeste da Bahia - UESB.

*Texto publicado originalmente em:  http://paposdeconomistas.blogspot.com/ 

terça-feira, 28 de setembro de 2010

CEDASB realiza Capacitação em Confecção de Bombas Manuais



Curso de Bombas para Cisterna de Consumo.
Foto de Geremilson Sousa. Arquivo do CEDASB.
 
O Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia - CEDASB realiza hoje e amanhã (28 e 29 de Setembro de 2010), no antigo Colégio Diocesano, na Praça Sá Barreto em Vitória da Conquista a capacitação em confecção de bombas manuais para jovens oriundos das comunidades onde os projetos estão sendo implementados. A capacitação conta com participantes dos municípios de Poções, Mirante, Bom Jesus da Serra e Vitória da Conquista.
O objetivo da capacitação é inserir os jovens nos espaços de aprendizagem promovidos pelo CEDASB e torná-los multiplicadores , além de prepará-los para que possam confeccionar bombas hidráulicas manuais que serão utilizadas para retirar água das cisternas que suas famílias foram beneficiadas.
Jovens das comunidades participando do Curso.
Foto de Geremilson Sousa, Arquivo do CEDASB
A programação para os dois dias inclui discussões sobre convivência com o semiárido a partir da metodologia de trabalho da Articulação no Semiárido Brasilero - ASA, bem como atividades práticas de confecção de bombas.
Além de receberem a cisterna destinada ao consumo humano e aprenderem a confeccionar a bomba, esses jovens também vão adquirir ao longo desses dias, conhecimento para que sejam mais um multiplicador dessas ações junto a sua comunidade. Essa estratégia de envolver toda a família nas ações é o grande diferencial do trabalho desenvolvido pela ASA.

Texto de Eduarda Tamires e Leandra Silva.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

25 de Setembro Dia da Responsabilidade Social

O Dia da Responsabilidade Social acontece no segundo semestre de cada ano. Trata-se de um dia onde toda a comunidade acadêmica se torna voluntária para oferecer à sociedade diversos serviços, tais como:

aconselhamento jurídico;
ajuda para elaboração de orçamentos domésticos;
aferição de pressão arterial;
recreação infantil;
consultas médicas;
serviços de maquilhagem, depilação e corte de cabelos;
palestras preventivas sobre DST;
ações preventivas da Defesa Civil
cursos diversos;
expedição de Carteira de Trabalho, Carteira de Identidade e Certidão de Nascimento;
e distribuição de brinquedos e alimentos

Este dia só é possível de ser realizado graças à participação e o comprometimento de Fundações e Empresas que disponibilizam alimentos e mão-de-obra qualificada para as atividades e o grande auxílio prestado na preparação e organização do evento pelos nossos alunos, professores e funcionários em regime de voluntariado.

Disponível em: faculdadeparaiso

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Gênero e o Semi-Árido

A cena das mulheres carregando latas d’água na cabeça é clássica. Sua estética  já  foi captada por muitos artistas. Caminhando esguias e  retilíneas, posição  forçada pelo equilíbrio da  lata na cabeça, as mulheres realizam um desfile pelas estradas calcinadas do  sertão. Também é o momento  em que  elas  se  encontram  a  sós,  longe dos homens,  e onde podem conversar os assuntos pessoais. O poço, a fonte, a água é o lugar do encontro do feminino, de conversas íntimas, da socialização de problemas, sonhos e desejos. No mundo inteiro, abastecer os lares com água é tarefa das mulheres de todas as idades, inclusive crianças. Há uma  relação  íntima entre a água e o  feminino. No Semi-Árido, a relação não é diferente. Ela revela a divisão de papéis  familiares e de trabalho entre os sexos.
Mas a beleza rude da cena não pode ocultar o sofrimento imposto ao corpo. Submetidas a esse serviço desde crianças, as mulheres carregarão na pele, nos músculos e nos ossos a dureza de um trabalho repe-
titivo e pesado. Com os anos, os ombros alargam, as batatas das pernas enrijecem, os problemas de coluna aparecem.
Por  que  um  trabalho  tão  duro  recai  sobre  as mulheres? Talvez porque abastecer os recipientes seja considerado uma extensão do trabalho doméstico, aquele que se  faz da porta para dentro. Ao homem cabe  cuidar da  roça  e dos  animais –  embora  as mulheres  também o façam –, ou seja, do serviço que se faz da porta para fora.
Estamos  longe de  superar  esse problema. Quando  a  água  está  a mais de mil metros da casa, a situação é especialmente grave. Por isso, a facilitação do acesso à água mexe também com a questão de gênero,
olimpicamente distante das análises tecnocráticas.
O alívio do trabalho feminino começa a surgir com as cisternas de placas construídas no pé das casas. Quem está longe, ou raciocina a partir da água encanada, não pode compreender o peso que essa inovação retira das costas de mulheres e crianças. Para falar sobre isso, compus a música Beleza iluminada.

Beleza Iluminada
Eu tô falando da beleza iluminada
Que no sertão nasceu com jeito de menina
De madrugada ela segue pela estrada
Caminhando com leveza feito uma bailarina
Nesse cenário que contém rara beleza
A lata d’água se equilibra na cabeça
E a menina segue esguia e retilínea
Juntando a delicadeza com a força feminina
Ai, ai, ai....
É a lata d’água naquele vai que num vai
Cai, cai, cai, cai
É o balanço da cintura que balança
Mas num cai.
E vai sonhando, apesar das incertezas,
Que o sofrimento seja coisa do passado
Que o seu corpo seja só luz e beleza
O gingo de passista e o jeito de princesa
Que o seu corpo fque leve, lindo e solto
E libertado desse peso duro e morto
A sua aura seja plena de alegria
Para o amor que, com certeza,
Ela encontrará um dia.



Texto e Música de Roberto Malvezzi. Disponível em :Portal.mda.